Dans Paris

Dans Paris (2006)
Título em português: Em Paris

Este é, provavelmente, o mais difícil texto que escreverei em anos. E o mais pessoal também.

Motivo, razão, causa e circunstância moram nesta frase: “Você vai se identificar bastante (com o filme)”. Quem me disse isso foi a mesma pessoa que me recomendou todos estes (excelentes) filmes comentados neste (tosco) blog.

Eu vou me identificar bastante…  E realmente me identifiquei. “Duro é escrever sobre o filme sem deixar de comentar sobre minha vida”, eu disse a ela dias atrás. E este texto foi escrito e reescrito várias vezes durante a semana.

“Você vai se identificar bastante”… Com estas palavras eu quis assistir a Dans Paris todos os dias. Mas comecei a pensar se essa vontade vinha do filme ser excelente ou de ele mostrar, no início, exatamente tudo aquilo que passei: uma previsível separação amorosa de fim melancólico e conturbado.

Mas Dans Paris não é só sobre a tristeza do fim de um amor. Seus minutos inicias são fundamentais para entender a depressão que se segue, para um posterior reencontro com a felicidade nas pessoas que, em certo momento, dizem não ligar para nossa tristeza.

No filme, aliás, há frases que parecem ter sido lapidadas por anos. “É possível que uma história de amor nos faça saltar de uma ponte?” e “Tire um tempo para ignorar a tristeza da sua família” são minhas preferidas. De tão simples, são geniais. E é aí onde se esconde a genialidade das coisas: na simplicidade, naquela sensação de “por que não pensei nisso antes?”.

No filme há uma separação, e isso esta bem explícito.

Mas há, ainda, a volta de um homem ao seu antigo lar, junto daqueles que realmente se importam com ele – apesar dos pesares. Pai, irmão, mãe (distante) e irmã (morta) são seu refúgio. Ele mostra estar deprimido, mas a conversa aos poucos o faz bem. Seu pai, preocupado. Sua mãe, quer saber a verdade.

Seu irmão, quer curtir a vida e mostrar que nela há diversão, que tudo vale a pena. Inclusive foder com três mulheres num só dia e em cada foda pensar que esta fazendo isso pelo seu irmão depressivo. Essa é a maneira de ele dizer que não liga para sua tristeza quando, na verdade, faz tudo por você.

Há cenas marcantes e de sutilezas impecáveis, como quando o pai dá um tapa em seu filho ao repreendê-lo por um ato egoísta. A resposta dele é só uma: rir. Rir do tapa, de apanhar. Mas tal risada é justamente a resposta que o pai queria e buscava em seu triste filho. Resposta que não vinha com conversas e sopinhas.

Tiro o chapéu para três momentos em que o casal separado conversa. O primeiro, após uma transa. “Covarde! Você prefere me foder do que admitir que você não me quer!” diz ela, que completa: “Me amar demais para me machucar, é isso? Seu amor é mais sobre lealdade ao passado. A idéia de me machucar aterroriza você.”

A segunda cena, quando a mulher confessa rezar pelo amor de seu (ex)marido todas as noites, para ela “acreditar” que o amor existe e é recíproco. Só que rezar para um amor é tão inútil quanto rezar para Deus. Rezar, orar, clamar… tudo isso só serve de alento para o que queremos. Fé e esperança.

A terceira é esta abaixo.

Por dois minutos, não respirei. Uma belíssima cena – propositadamente não colocarei as legendas.

Raramente comento sobre o trabalho dos atores, mas não posso deixar de exaltar a interpretação conjunta nesta cena. Do início ao fim.

Para os interessados, aqui o trailer de Dans Paris.

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2 Respostas to “Dans Paris”

  1. BP Says:

    Isso me lembra de uns nicks que vc colocava na época do mIRC. Jamais esqueco o nome da guria, LOL.

    Relacionamentos sao complicados… mesmo…

  2. Bruno Zerbinatti Says:

    aeoeaohouea BP… o que é dito no mIRC, fica no mIRC hein?! aehouea nosso passado nos condena, saudades daqueles tempos

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